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quarta-feira, 13 de março de 2013

Há Sempre um Amanhã - Pearl S. Buck


               Em 1938, Pearl S.Buck torna-se a primeira mulher norte-americana e vencer o Prémio Nobel da literatura.
                Há Sempre um Amanhã foi escrito em 1931.
                Joan, Rose e Francis são três irmãos que ainda jovens, mas já adultos, vêm a sua mãe morrer de uma doença prolongada. Mr. Parsons , pai dos três, é um padre presbiteriano. Para ele, Deus está acima de tudo, vive exclusivamente para Ele. Rose casa com Rob, (“Desejas casar com Rob, Rose? Se Deus me diz que o faça.”) juntos partem para a China para uma missão evangelizadora. Francis parte para a cidade com o desejo de ser piloto de aviões.  Mr. Parsons começa a ser contestado pela comunidade, os tempos áureos em que era respeitado por todos, já lá vão. Agora acham as suas missas chatas e pedem outro padre. Ao saber que vai deixar a paróquia, Mr. Parsons não aguenta o desgosto e morre. Joan vê-se sozinha e infeliz. (“Mesmo que varresse a casa e enchesse as jarras, desde que enchesse com as últimas rosas vermelhas o velho açucareiro de prata e o pusesse na mesa do corredor, defronte do espelho, para quem o faria?”) A partir dai a história vai-se desenrolando, Pearl S. Buck aproveita-a para questionar muitos dos comportamentos da sociedade de então.
                Se temas como o divorcio; (“não permitirei um divórcio nesta casa! O que Deus juntou…”) ou o fato de as mulheres só poderem sair há rua acompanhadas com os maridos são problemas do passado, pelo menos na nossa sociedade. Na verdade, temas como o racismo; (“reinava em South End uma atmosfera muito carregada, com os operários brancos em greve contra Mr. Bradley, por ele ter admitido negros.”) a homossexualidade; (“amo-te porque és tão encantadora e parecida com um rapaz.”) o preconceito social que é namorar com um homem bem mais velho; ("tem quarenta e cinco anos, pelo menos e tu tens vinte e dois!") O medo da morte; ("não me deixes morrer") a injustiça do sistema capitalista ("não há oportunidade nenhuma para um tipo que não tenha influência, dinheiro ou qualquer coisa…quase morri de fome em Nova Iorque. Havia comida por toda a parte…") e sobretudo a desigualdade no tratamento entre pessoas de sexo diferente são ainda hoje temas muito atuais, sendo este um dos temas centrais da obra.
                Deus é o outro tema central deste romance. Quando Joan sabe que o seu filho é deficiente revolta-se contra Ele, mas na verdade só encontra conforto Nele. Já no fim do livro e depois de muito questionar Deus, Joan afirma: “Se Deus existe, eu não Lhe poderia perdoar.”
            Joan luta toda a vida pela felicidade, mas será que conseguira? Francis simbolizado todos os americanos que desejavam uma vida melhor. Rose que tudo dá a Deus é assassinada na China. Três irmãos, sempre com a esperança que exista sempre um amanhã.
            Boa leitura…  

quinta-feira, 7 de março de 2013

Gabriel García Márques faz hoje 86 anos.



Gabriel García Márquez faz hoje 86 anos.
É pena já não escrever mais, todos nós perdemos muito com isso.
É um dos meus escritores favoritos.
Pablo Neruda disse um dia sobre Cem Anos de Solidão:
 “este é o melhor livro escrito em castelhano desde Quixote.”


Sugestões e citações de livros de Gabriel Garcia Marquez:
http://sugestaodeleitura.blogspot.pt/search/label/Gabriel%20Garc%C3%ADa%20M%C3%A1rquez

sexta-feira, 1 de março de 2013

o apocalipse dos trabalhadores - Valter Hugo Mãe

              
Valter Hugo Mãe é um dos escritores de língua portuguesa que mais admiro. Ao ler o apocalipse dos trabalhadores consolidei a opinião que tinha sobre o escritor. Ele tem uma sensibilidade extraordinária, as suas personagens revelam uma capacidade fora do comum de se por no “lugar do outro”. Recordo que o escritor tem apenas quarenta e um anos, o que torna ainda mais raro este tipo de escrita nessa idade.
                 Foram vários os “murros” que levei no estomago ao ler o romance. Neste livro fala-se de muita coisa, mas é sobretudo a felicidade humana que é questionada. Confesso que VHM abordou o tema por pontos de vista que não tinha pensado, e isso levou-me a chegar a conclusões que nunca me tinham passado pela cabeça. Mas será que somos uma “máquina de trabalho a caminho da felicidade e nada mais.”
                Maria da Graça era quem fazia as limpezas na casa do senhor Ferreira. Acabam por ter uma relação amorosa. O senhor Ferreira “era um homem cheio de razões para viver, estava reformado, tinha dinheiro, sabia coisas, apreciava ainda os prazeres mais elementares” mas para grande surpresa suicida-se.
                Quitéria é a grande amiga de Maria da Graça, ganha dinheiro indo a funerais, tal como a amiga vive num bairro social. Apaixona-se por Andy um ucraniano a trabalhar nas obras que veio para Portugal tentar proporcionar aos pais uma melhor alimentação na Ucrania. Quando Andy soube que iria ganhar 300€ por mês “acreditou que nunca mais passaria fome”.
                Augusto, o marido de Maria da Graça, era pescador, por isso passava meses fora de casa, mas ao casal só o casamento os unia, todo o resto não existia. Por vezes, batia na mulher e acretiva que Graça não tinha desejos sexuais.
                A felicidade e a aparência de felicidade; as frustrações da vida; a dura vida de quem é pobre e tem poucos recursos; o mau que é viver num país onde ninguém nos entende e onde ninguém percebe a língua que falamos; a histórica fome na Ucrânia ou a alegria de viver são apenas alguns dos temas abordados.
                No final do livro, pelos menos aqueles que não tenham um coração de pedra, serão certamente mais humanos e “menos máquinas”. No meu caso, confesso que passei a olhar os imigrantes com outros olhos.
                Grande livro, parabéns Valter Hugo Mãe
                Boa leitura…